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Especial Saúde: A questão do parto

Especial Saúde: A questão do parto

Foto Julie Johnson via Unsplash

“O melhor tipo de parto é aquele que conduz a mãe com segurança para o momento que pode ser uma das coisas mais mágicas e maravilhosas do mundo”, afirma a Dra. Luciene Miranda Barduco, de 52 anos,  especializada em Ginecologia e Obstetrícia. “O nascimento de um filho é uma experiência fantástica. Resgata na mulher aquilo que ela tem de mais primitivo, no sentido de gestar, de cuidar daquela gravidez. Eu sempre vi o parto como algo sagrado. E sempre preferi o parto natural”.

A prática de cesariana, contudo, sempre foi majoritária no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nós somos o segundo país do mundo a ter mais da metade de todos os nascimentos (55,6%, segundo dados de 2016) feitos por essa cirurgia. Estamos atrás apenas da República Dominicana, que ostenta 56% de cesáreas. Na Europa, a taxa média de cesáreas é de 25% e nos Estados Unidos é de 32,8%. A cirurgia é recomendada apenas quando o parto natural pode levar a complicações que coloquem em risco a saúde da mãe e do bebê. Para a OMS, a porcentagem adequada de cesáreas gira em torno dos 15%.

“Entre outras coisas, a cesárea vem de um vício histórico que começou no SUS”, explica Luciene. “Em hospitais públicos, uma prática muito comum era oferecer laqueadura às gestantes. Acontece que o SUS só pagava o procedimento se a laqueadura estivesse associada a uma cesariana. Então tinha isso: ‘vou fazer cesárea para já aproveitar e fazer a laqueadura’”.

Na rede particular, a médica comenta que a cirurgia predominava por outras questões. “Quando comecei a atender em consultório, às vezes chegava uma paciente já dizendo: ‘olha, eu tenho convênio e quero optar pela cesariana’. A ideia era que, se ela tivesse um convênio, teria a oportunidade de escolher pela cirurgia”.

Além disso, havia muitas conveniências também. Para a paciente, era uma forma de poder controlar o nascimento do filho. “E os motivos para isso eram vários, desde a gestante estar cursando uma pós-graduação ou prestando vestibular até desejar que o aniversário do filho seja no mesmo dia da sogra, por exemplo. E é obvio que, para o obstetra, é muito mais cômodo marcar dia e hora para fazer essa cesárea. Você não tem que sair de madrugada ou adiar uma viagem, então foi uma acomodação de ambas as partes. O médico, por um lado, não fazia questão de se colocar à disposição, de orientar a história do parto, e muitas pacientes faziam questão de ter a liberdade de escolha”, explica Luciene.

Segundo a OMS, o Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza cesáreas. / Crédito: foto de Naypong Studios via Shutterstock

Entre as ações que surgiram para melhorar a condição da gestante, podemos citar o projeto Parto Adequado. Desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), o projeto tem como objetivo identificar novos modelos de atenção ao parto e ao nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas desnecessárias.

A iniciativa foi lançada em 2015 e a adesão é feita de forma voluntária pelos hospitais. Na Fase 1 o projeto envolveu 35 hospitais e conseguiu evitar a realização de dez mil cesarianas desnecessárias.

Hoje, 127 hospitais e 62 operadoras de planos de saúde participam do projeto. Nos hospitais que entraram na Fase 2, que vai até maio de 2019, houve um aumento de 8% em partos normais.

“O Parto Adequado não é contra a cesariana, mas sim contra a cesariana desnecessária”, explica Jacqueline Torres, coordenadora do projeto. “Não se trata de defender parto normal a qualquer custo, até porque sabemos que a cesariana contribui para a diminuição da mortalidade materna, mas ela deve ser usada com limite”.

Sobre os riscos de realizar uma cesariana desnecessária, Jacqueline comenta: “São vários. A mulher pode comprometer as próximas gestações e, como a cirurgia acontece antes do início do trabalho de parto, o bebê pode ter problemas como hipoglicemia, dificuldades respiratórias, asfixia neonatal, necessidade de internação em UTI neonatal, icterícia, entre outros”.

Agosto dourado

Nesse mês acontece o “Agosto Dourado”, campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o intuito de estimular o aleitamento materno e alertar sobre a importância da amamentação para as crianças e também para as mães.

A presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, lembra das vantagens comprovadas do aleitamento na saúde das crianças, com impacto no seu desenvolvimento físico e emocional e no reforço à prevenção de doenças. Segundo ela, oferecer o leite materno aos filhos reduz em cerca de 12% o número de mortes em crianças menores de cinco anos de idade a cada ano, ou cerca de 820 mil mortes em países de média e baixa renda.

Especial Saúde: A contribuição da tecnologia nas cirurgias

Especial Saúde: A contribuição da tecnologia nas cirurgias

Foto de rawpixel via Unsplash

Cirurgia robótica

A medicina está em constante mudança e durante a sua história é possível observar marcos verdadeiramente revolucionários. Tratamentos que hoje temos como básicos e indispensáveis são frutos de décadas de evolução e estudo. Basta imaginar que havia uma época em que realizar cirurgias sem o uso de anestesia era uma realidade.

Já houve grandes conquistas, como o surgimento dos exames por imagem e também da videolaparoscopia – intervenção cirúrgica minimamente invasiva e com auxílio de vídeo. A cirurgia com apoio da robótica é, na verdade, usada como um upgrade desta técnica, tendo surgido no início dos anos 2000, inicialmente muito forte na urologia, principalmente no tratamento do câncer de próstata.

O cirurgião oncologista e líder médico da Cirurgia Robótica do A.C. Camargo Cancer Center, Stênio de Cássio Zequi, comenta: “O primeiro passo foi a saída da cirurgia aberta para as minimamente invasivas. As incisões diminuíram e surgiu a videolaparoscopia. Os europeus desenvolveram bastante essa técnica que tem, contudo, algumas limitações. Ela permite uma visão 2D, sem noção de profundidade, e as pinças não são articuladas. Além disso, o cirurgião opera em pé, o que cansa mais. Nesse sentido, cirurgias mais complexas, que exigem, por exemplo, a reconstrução de um órgão, ficam mais trabalhosas. Por isso, a robótica foi uma evolução”.

Stênio menciona algumas das vantagens: “A assistência robótica permite que o cirurgião tenha uma visão tridimensional. Você ganha noção de profundidade, uma qualidade superior de visão, e as pinças são articuladas, o que permite mais movimentos.”

Além disso, ele observa que o paciente tem seu tempo de internação reduzido – até porque tem um sangramento menor –, com a vantagem de poder voltar mais cedo a suas atividades profissionais ou mesmo esportivas. Isso também interfere no próprio ambiente administrativo hospitalar, uma vez que o paciente fica menos tempo no leito.

O A.C. Camargo Cancer Center alcançou em julho a marca de duas mil cirurgias robóticas realizadas em cinco anos. Entre seus equipamentos estão o robô Da Vinci e o HIFU, um ultrassom de alta intensidade – é uma técnica minimamente invasiva que ataca, de forma focalizada, alvos diminutos e os destrói sob uma temperatura de 90 graus.

Inteligência Artificial para o diagnóstico

Se existe um avanço tecnológico que pode ser a próxima revolução na medicina, ele é a Inteligência Artificial. O conceito de Inteligência Artificial é amplo e abrange uma variedade de subcampos e técnicas, como aprendizado de máquina (machine learning) e processamento de linguagem natural. Uma das empresas mais reconhecidas nessa área é a IBM, criadora do IBM Watson, plataforma de inteligência artificial na nuvem para negócios que tem como objetivo emular algumas das capacidades cognitivas dos seres humanos como aprendizado (por meio da coleta de resultados e feedback) e entendimento (pelo processamento e a interpretação de dados em grande escala).

No caso do Watson Health, a plataforma é voltada para solucionar grandes desafios do setor de saúde, como oncologia, diabetes e desenvolvimento de novas drogas, entre outros.

Gustavo Bravo, especialista nas soluções de Watson Health e responsável pelo suporte a clientes, menciona alguns cases de uso da IA no Brasil: “No Instituto do Câncer do Ceará, é utilizada a plataforma de suporte à decisão médica, Watson for Oncology, que auxilia o médico na coleta de informações do paciente e explora opções de tratamento com suas devidas evidências científicas orientadas ao perfil. Já para o Fleury foi desenvolvido o exame Oncofoco, que combina a metodologia de sequenciamento de DNA com a tecnologia cognitiva do Watson for Genomics para avaliação do perfil genético tumoral, o que auxilia na assistência personalizada dos pacientes com casos de câncer complexos.”

Gustavo acredita em uma parceria entre a tecnologia e o ser humano que possa trazer o melhor dos dois mundos. Algo que podemos definir como “inteligência aumentada”. “O Watson pode auxiliar o médico em tarefas que são humanamente impossíveis, como a leitura de milhões de artigos científicos em segundos. Ao mesmo tempo, isso pode possibilitar que o médico tenha mais tempo para promover o que é realmente insubstituível, que é a interação maior com o paciente, um terreno repleto de nuances que a máquina não consegue detectar. Portanto, juntos podemos melhorar a forma como a medicina é praticada”, conclui o especialista.

Especial Brasil-Japão: o traço marcante de Hiro Kawahara

Especial Brasil-Japão: o traço marcante de Hiro Kawahara

Crédito: Luiz Maudonnet

Hiro Kawahara está na lista dos notórios brasileiros com ascendência japonesa. O nome pode não ser familiar à primeira vista, mas provavelmente você já viu o trabalho dele alguma vez: há 26 anos Hiro cria e ilustra as toalhas de bandeja do McDonald’s.

“A quantidade é surreal”, comenta Hiro, nascido em Mogi das Cruzes há 53 anos. “São impressos 12 milhões de unidades de cada modelo, o que me tornou o ilustrador com mais visibilidade do mundo. Sei de ilustradores de renome que começaram a desenhar copiando traços de toalhinhas antigas. É um marco insuperável na minha carreira”.

Em seu portfólio constam também trabalhos publicitários para as marcas Pão de Açúcar, Itaú e Nestlé, entre outras. Dono de um estilo único, ele comenta que foi moldando essa identidade depois de estudar artistas que trabalham com desenvolvimento de personagens para animações americanas e europeias – alguns nomes seriam Shane Glines e Glen Keane.

“Meu trabalho não está relacionado ao traço, mas à ideia que quero passar e à sensação que quero transmitir para quem o observa. E nesse quesito minha influência maior foi o artista japonês Hayao Miyazaki, com a sua maneira delicada de contar histórias. O que eu aprendi de sutileza na narrativa, na eliminação dos clichês e na beleza do movimento foi assistindo em looping infinito filmes como Totoro e Kiki”.

Sobre os animes e mangás, Hiro Kawahara acredita que esse é um fenômeno de sucesso não só no Brasil. “Isso se dá graças aos jovens. Para eles, o mangá não é só quadrinho, e anime não é só desenho animado japonês. Isso expressa o que eles sentem, o que tornou essas artes populares em todas as classes sociais”.

Além de ilustrador, Hiro é quadrinista. Já produziu três livros – o mais recente, “O Bestiário Particular de Parzifal”, bateu recordes de arrecadação no Catarse e teve uma tiragem inicial de 4.500 exemplares, um estouro em termos de livro independente. Hoje trabalha em dois quadrinhos: “Últimos Deuses”, com roteiro de Eric Peleias, que deverá ser lançado em dezembro, e “Duas Sereias”, previsto para maio de 2019.

Especial Brasil-Japão: Yuko Fujii, a nova técnica da seleção masculina de judô

Especial Brasil-Japão: Yuko Fujii, a nova técnica da seleção masculina de judô

Crédito: Rafal Burza

Foi em maio desse ano que a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) anunciou a japonesa Yuko Fujii como nova técnica da seleção masculina de judô. A notícia trouxe consigo um ineditismo: pela primeira vez na história da modalidade uma mulher comanda a equipe masculina.

“Eu me sinto muito honrada”, afirma Yuko, de 36 anos. “Agradeço e admiro o Comitê Olímpico do Brasil e a CBJ pela coragem nessa decisão que eles tomaram. Gostaria de ser um exemplo para mostrar que mulheres conseguem trabalhar junto com homens, potencializando o que cada um tem de bom e alcançando as metas”.

Yuko é natural da cidade de Toyoake, na província de Aichi, no Japão. Ela está no Brasil desde 2012, quando veio a convite da CBJ para auxiliar na preparação dos judocas brasileiros, especialmente na transição do júnior para o sênior – anteriormente ela havia trabalhado como auxiliar técnica da seleção britânica. Mestre em Educação Física pela Universidade de Hiroshima e faixa preta yon-dan, ela integrou a seleção nacional júnior do Japão no período de 1997 a 2000.

“O judô no Brasil tem histórico de resultado nas Olimpíadas e também é um meio de educação, para formar uma pessoa”, ela comenta. “Vejo que o judô foi bem recebido e as suas essências como Seiryoku zenyo (máxima eficiência) e Jita kyoei (benefício mútuo, solidariedade), têm influenciado na cultura brasileira”.

Sobre as preparações para as Olímpiadas de 2020 em Tóquio, Yuko Fujii assegura: “Continuamos potencializando pontos fortes e corrigindo os erros. Estamos treinando agora no Japão e os atletas vêm respondendo bem, criando uma energia bastante positiva”.

Especial Brasil-Japão: Veja aqui as novidades do Festival do Japão

Especial Brasil-Japão: Veja aqui as novidades do Festival do Japão

Oficialmente, a data que marca o aniversário da chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil é 18 de junho, quando o navio Kasato Maru desembarcou no Porto de Santos. No entanto, excepcionalmente este ano, em que se festeja os 110 anos da imigração japonesa, as celebrações oficiais foram adiadas para o mês de julho. E o motivo é um só: coincidir com o Festival do Japão, que chega à sua 21ª edição reconhecido como o principal evento de divulgação da cultura nipônica no Brasil.

Organizado pelo Kenren (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil), o festival faz parte do calendário turístico de São Paulo e tem sido um grande sucesso todos os anos. Para se ter uma ideia de sua grandeza, ele é considerado o maior evento da cultura japonesa no mundo. Somente no ano passado, recebeu 182 mil visitantes, sendo que 59% deles eram não descendentes de japoneses. Para este ano, a previsão é que 200 mil pessoas compareçam ao evento entre os dias 20 e 22 de julho no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, que reservou 45 mil m² de área coberta para o festival.

59foram visitantes não descendentes de japoneses na edição passada/ Crédito: Gabriel Inamine

Contando com a colaboração oficial do governo do Japão, além do apoio do governo brasileiro, o Festival do Japão acontece pela união e esforço de 15.000 voluntários, que trabalham para a realização desse projeto cultural. O objetivo é preservar e divulgar a cultura japonesa, perpetuando as tradições entre as novas gerações.

Nesse evento recheado de atrações como shows, performances e espetáculos, a gastronomia é realmente a protagonista – e a Praça da Gastronomia, com seus 54 estandes representando a culinária de cada uma das 47 províncias do Japão, reúne a maior parte dos visitantes. Lá você pode encontrar de receitas familiares, passadas de geração em geração, a novidades e tendências japonesas. Uma curiosidade neste ano é que o festival tentará bater o recorde de exposição do “Maior Mostruário de Pratos da Culinária Japonesa” no Guinnes World Records. Toda a arrecadação dos estandes é destinada à manutenção do trabalho das associações de províncias e entidades beneficentes convidadas.   

Na Arena 110 anos, haverá a comemoração dos 110 anos da Imigração Japonesa com a participação prevista da ilustre princesa Mako, neta mais velha do imperador japonês Akihito do Japão, além das apresentações de cerca de 50 grupos artísticos de músicas, danças e artes.

15mil é a quantidade de voluntários que trabalham para a realização deste projeto cultural Crédito: Gabriel Inamine

Já no Palco Vermelho e Branco, haverá atividades com participação do público, demonstrações de artes marciais, esportes e danças folclóricas como o Bon Odori. Na Área Cultural, o público terá contato com manifestações como o chadô (a cerimônia do chá), a exposição de ikebana (arranjos florais), e diferentes workshops. E para quem gosta de animes, mangás e filmes, o Akiba Cosplay reúne cosplayers (ato de se fantasiar e interpretar um personagem da ficção) do Brasil. 

O Festival terá ainda o concurso Miss Nikkey Brasil, uma área com atividades lúdicas para crianças e outra com programação especial para a terceira idade.

Kumon arma estande no Festival do Japão:

Na feira, o visitante poderá conhecer um pouco mais sobre o método de estudo que está presente em 50 países e reúne mais de 4 milhões de estudantes no mundo.

De acordo com Yumi Kajihara, gerente da filial japonesa do Kumon, de 2017 para cá foi registrado um aumento de 10% na procura. “Nosso público é composto por crianças descendentes de famílias japonesas que já têm uma proximidade com a cultura, e por jovens a partir dos 16 anos. São adolescentes que conhecem os mangás, desenhos e jogos de computador e querem aprender a língua e saber mais sobre o modo de vida dos japoneses”, diz Yumi.

Quem visitar o estande da marca poderá sair com o nome escrito em Kanji (ideogramas).